Clube da Flauta

Um dos maiores desafios ao aprender a tocar um instrumento musical é dominar a rotina de estudo diário.

É comum ver estudantes desperdiçando tempo e, consequentemente, progredindo lentamente, resultando em desânimo e até mesmo abandono.

Eu mesmo enfrentei diversos momentos de incerteza sobre como e o que estudar, seja pela quantidade de material disponível, pela falta de tempo ou pelos desafios técnicos e cobranças dos professores.

Um erro recorrente é praticar uma peça musical evitando as partes mais difíceis. Isso pode resultar em um desempenho desigual, impedindo o progresso integral. Em apresentações ou provas, é provável que os erros ocorram nos mesmos pontos negligenciados durante o estudo.

Então, quais são as soluções para superar esse obstáculo?

Bem, talvez eu não tenha todas as respostas, mas gostaria de compartilhar algumas soluções que descobri:

  1. Reserve um tempo para estudar: A regularidade é fundamental. Não importa quanto tempo você tem, aproveite-o ao máximo. Divida o tempo de estudo de maneira equilibrada, priorizando a qualidade sobre a quantidade. Por exemplo, se tiver uma hora disponível, dedique 5 minutos para aquecer, 5 minutos para escalas, 10 minutos para leitura e os 40 minutos restantes para focar nos trechos difíceis de uma peça. Lembre-se de que estamos buscando constância, regularidade e qualidade.
  2. Estude com o metrônomo: esse dispositivo é essencial para manter a regularidade e precisão rítmica. Praticar com o metrônomo fortalece sua noção rítmica interna e ajuda a evitar desafios durante apresentações ao vivo.
  3. Estude em velocidade lenta e progressiva: comece lento e vá aumentando a velocidade gradualmente conforme se sentir confortável. Isso ajuda a consolidar sua técnica e evitar erros.
  4. Fracione a música: divida a peça em partes menores e pratique cada frase individualmente. À medida que domina cada trecho, junte-os até conseguir tocar a música completa.
  5. Preste atenção às articulações: execute-as corretamente desde o início, marcando as áreas que precisam de atenção na partitura.
  6. Execute os sinais de expressão: da mesma forma que as articulações, siga as indicações de expressão desde o início do estudo.
  7. Ouça alguém tocando: estudos mostram que ouvir outras performances da música pode facilitar sua compreensão e acelerar a assimilação.
  8. Toque com uma gravação: pratique com uma gravação para modelar sua interpretação e aprender mais rapidamente.
  9. Grave sua própria performance: Isso permite que você identifique áreas de melhoria e acompanhe seu progresso ao longo do tempo.
  10. Não apenas toque, estude: dedique tempo para o estudo efetivo, incluindo aquecimento, exercícios técnicos e estudo do repertório. Evite “jogar notas fora” sem um propósito definido.

Há tempos, um sábio professor compartilhou comigo um segredo simples, porém marcante: “Tudo que toco lentamente, também consigo tocar rapidamente”. Refletindo sobre essa frase, percebo que o estudo progressivo nos conduz a uma sonoridade refinada, sensibilidade corporal e postural, possibilitando ajustes precisos na afinação, respiração e articulação. À medida que avançamos, adquirimos novas habilidades para identificar e aprimorar nossa técnica.

” É uma questão de tempo,  paciência e trabalho inteligente” – Marcel Moyse

Bons estudos.